quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Tudo importante enquanto

Preciso ter fé, Amada.
Em ti, no Tempo,
nesse vento que nos congela.
Sob chuva edificante caminhamos
de mãos dadas.
O solo ungido de paz guiava-nos
absolutos
no rumo da união
que não se desfaz
como e pelas ondas.
E eu li o Amor em ti,
no teu silêncio de preces por mim.
A ciência provava-me que crer
põe-me cura
na mão que te estendo o Amor.
Na perdição eólica dos vícios,
ingeri o fel do inconsciente
traduzindo uma derrocada impiedosa:
um sonho que deveria ser pesadelo
para me fazer suar de alívio.
Porém, não o concreto que me fazia rei e monstro,
mas o éter da memória
indagando minha poesia.
Hoje conquistei meu dia, mesmo com medo do vazio.
Paciência, saudade e fé
embutidas
numa angústia que Deus
me concederá passageira, embora árdua.
Paranóica prisão que dobra sinos bipolares
enfeitiçados por tufões libertados
pela luz que,
concedida estrela,
certa manhã, me guiará
porque meus pés brotados de raízes da força do meu coração,
sobre terra infértil desses inconstantes,
mas sombrios badalos,
frutificará a Serenidade do Espírito!
Inquietude, vômito e encefaléia: o aborrecido ser dentro de mim.
Eu aqui,
dentro só,
um fora,
meu
fazer
dentro
e
ao redor
dela.
Clara angústia da espera:
cinco dias para eu respirar em silêncio
não ignorando o que dela inspira.
Pobre dor velha, aviso-te:
vou ganhar porque sou um lutador de fé!
Não fraquejo no que tentas me tirar sentido.
Gasto meus dentes e olhos pondo meu arpão
na dor,
até claudicar,
e meu peito respirar
num sorriso.
Meu desígnio de Deus exposto em Obra!
Eu tenho o talento da dor.
Exagerado Amor castigando-me.
Exposto Amor: acompanhado dramalhão
do que se quer
e pode ser beleza!
Não me proíbo.
Busco o equilíbrio
e sensorialmente me volto para ela
numa saudade pouco menor,
com importância.
Não sei o que significa a palavra limite.
Pois que força e graça põem-me leve
no que supero diariamente.
Das vezes que perdi-me, a percepção foi no fim do ato de afogá-la...
Qual o limite dela?
Eu quase descobri e por ali fiquei,
finquei sem machucar,
chorei por partir,
reclamei para logo voltar.
Silêncio e proteção
depois do vômito de todo aquele café.
A voz dela então,
e um sossego finalizando o ardor da escrita,
pois que era,
como o poético café,
um vômito outra vez.

Um comentário:

Helenira disse...

Muito bom, João! Sempre que posso passo por aqui pra tomar um pouco de poesia, sempre falta no dia a dia para sermos mais Amorosos (sempre com a maiúsculo), carinhosos e ver a vida diferente: dos olhos de um poeta! Beijos feliz natal e próspero ano novo!