domingo, 5 de dezembro de 2010

Esse poema não perdido no ônibus

Me dá teus seios
pendendo
como gotas de girassol
sobre minha fome.
Arde teus olhos cavernosos
com as lágrimas de minha pele
resplandecendo
para o teu sorriso.
Franco, subdividido.
Claro na confusão.
(Oh, não! Oh, não!
Preciso de um parêntese de dor!)
Cansaço.
Ontem para nós,
agora para amanhã
de novo contigo.
Imagens canhestras não substituem
o que coração e corpo carregam.
Eu vou morrer louco
no cancro inevitável
das altas quedas,
das profundas ondas...
Mas, por enquanto não.
Vivo até amanhã.
É menos difícil assim.
Sonho com minha palavra ouvida
por Deus
enquanto chegas no meu altar.
Tu também és prece, mulher querida.
Não desanimo.
Penso.
Não vomito.
Suo.
Da luta e do sangue aprendo.
Da loucura posso até ser escravo,
mas apanho gritando
para,
em paz silenciosa,
libertar-me e,
então,
tu, mulher,
nos cantos que os ventos entoam.
Arcada dentária.
Hálito de tua vagina.
Meu sêmen chorando para sorrirmos no teu útero.
Bifurcações, mas até ti por mim.
A melodia do tempo agitando teus seios despidos.
Insuficiência amorosa.
Amor exacerbado.
Tua celulite, minha feiúra.
Tua beleza, minha loucura.
Minha destreza, teu coração.
Minha encefalite, tua oração.

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