terça-feira, 30 de julho de 2013

Soslaios nas Ruas, Sonhos da Aproximação

Ele tinha Vida própria.
Não é porque sua risada
Era igual a minha
Que devesse me pertencer.
Sempre foi de todos.
Agora é mais das estrelas.
É memória e o que sonhos com ele dirão
Em noites de bom sono,
Chegando sem aviso,
Bem vindo.
Meu olhar trai a realidade:
A Saudade crescente faz isso.
Lua em direção a imensidão
Do que não mais se toca,
Mas sentimos.
Sol ardendo
Os raios no corpo
Que congelou na lembrança
E encantou o éter.
Nos labirintos dos olhos
De Amor e pavor
O que clamou foi a Vida
E o ímpeto singular de lutar
Para prosseguir
Até
Não mais conseguir.
Meu olhar trai o cotidiano
Sem ele:
O delírio de perdê-lo
Para a paz no seu corpo
Faz isso com o Amor Espiritual.
(Oh!
Quantos te representaram
No meu rápido soslaio
Em falso pelas ruas...).
Fechava os olhos
Sentindo o trovão
No coração...
Quantos dilúvios de minha Alma?
O Adeus pode ser a Bênção.
Maior Bênção foi tua Presença.
Adeus sem sinal de ausência.
Tristeza,
Despedida,
Sossego: cabe
Tudo em mim.
A manta adesiva
De tuas convicções
Contará a tua história
Ligada a nós.
No momento prego meus pulsos
Ao concreto.
Gritar nada resolveria...
Não tenho cruz,
Senão
Melodias da cruz.
E esse ofegar
De não saber
Quanto
Tempo
Ainda
A prosseguir sem ti,
Contigo ontem
Me ensinando a rir...

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Dedicação

Se formos pensar com
Carinho
No mundo,
Veremos que tudo está
Intrinsecamente
Ligado ao Amor.
Já pensaram sobre 
Isso
Hoje?

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Só Assim

Só assim
Para as Virtudes da Alma
Aflorarem:
Com um Amor bonito,
Simples,
Honesto,
Repleto de Verdade.
Só assim...

sábado, 20 de julho de 2013

A Solidão no Inverno

Estou perdido de frio.
Zonzo de neve na minha mente.
Parece que o gesto de enfrentar
Deu-me coragem para desistir.
Afirmo que o gesto grandioso de desistir
Deu-me coragem para enfrentar.
No tempo da minha respiração
Não há o que não
Floresça
Repousante como sangue
Recém-nascido.
As canções extasiam o meu Ser.
Nos degraus acima de onde estamos,
A incógnita há de servir-nos
Para os patamares seguintes.
Mas isso é sonho, Poeta...
Oh, sim...
E de que mais são feitas as rosas
Senão do sonho
Daquele que cavou e cultivou
A terra,
De onde a semente escalavrou
- à teimosia e à força -
A mesma terra que a recebera?
Antes disso,
Tanta aridez e doenças
Desse que agora planta...
O Inverno passou sua lufada
Gélida
Na minha nuca
E desmaiou o meu ânimo.
Eu quase esqueci que aprendi
A queimar minha monotonia
Com a força das friezas Humanas
Que castigaram-me.
Quando elas diziam
Que eu derretia feito gelo,
Observei-me com
O Olho Essencial para dentro.
Minha Alma
Abanou o suor
Que meu peito ofegava
Enquanto a insanidade fugia,
Derretida,
Pelos meus olhos
Capazes
De qualquer transformação...

terça-feira, 9 de julho de 2013

Tormentos de Uma Combustão

Nós, que andamos e desandamos
Pelas agruras às quais nos submetem
Aqueles a quem questionamos em nossas
Vestimentas
Sonoridades
Pensamentos
Filosofias
Discursos inflamados,
Colocamos tudo pelo ralo
Quando reunidos em nosso Templo
Nos levando à loucura,
Ao vazio, à dúvida, à deriva
Em nosso egoísmo
Suscitado subliminarmente pelo Império,
Monstro escamoso que julgamos,
Mas, sem vergonha alguma,
De sua fonte bebemos,
Trucidando-nos,
Um a um...
O Rei que dá é
O mesmo que tira.
Não nos acostumemos, portanto,
Com o que nos é dado -
Logo nos roubarão o dobro!
Não nos acostumemos
Com os mandos e
Os desmandos de Senhores!
O direito de ir e vir arrancado:
Falo violentado,
Ventre castrado.
Dor oprimindo o baço,
Uma tinta na mente
Escorrendo pela carne raspada com aço.
Antiácido,
Desilusão...
O povo desdentado
Por quem luto e em quem acredito
Me arrancando, noutro assalto,
Mais um pedaço.
Mas, prevejo:
Será de cima
Que farão pender o meu pescoço
Surpreendido,
- A qualquer momento -
Por um laço...

sábado, 6 de julho de 2013

Escorpião com asas de beija-flor

Escorpião com asas de beija-flor.
Erguidas mãos
Do trabalhador
Para o céu de dor
Que clama para o chão
Com Amor.
Escorpião com asas de beija-flor.
Cadê o salvador desse caos -
Mergulhada calúnia em nosso coração?
Dentes quebrados.
Pratos vazios.
Muros pichados.
Ignorância gentil.
Escorpião com asas de beija-flor.
Lá do alto vigia as formigas sem rumo da Nação.
Causas boas raramente fizeram uma real união.
Sopa invernal aos pobres.
Doces às crianças colorindo seu olhar.
Carne humana sangrada pela Humanidade.
Escorpião com asas de beija-flor.
Quem somos nós?
Por que não conseguimos pensar,
Apesar da consciência que temos?
Será o barulho ensurdecedor de teus músculos
Vigiando com tua mira a nossa escuridão
Ou nossa cegueira fragmentando-nos
Mesmo quando caminhamos por causas justas,
Porém sem bandeiras palpáveis,
Dando-nos as mãos?
Escorpião com asas de beija-flor.
Animal de aço pairando com inteireza sobre nós:
Com o bico,
Mira-nos com sua luz de mil sóis
Como a uma Amada flor;
Com a cauda,
Aplica o golpe injetando veneno
Em nossas mentes vazias.
Sem por quê, nos apaixonamos
Por revoltas reprimidas e gritamos de dor,
Mas sem o Amor
Necessário e certeiro
De quem já doeu de Amor,
Mas como quem ouviu falar
Que o Amor doía...
Pichamos - ainda antes disso -
"Mais Amor"
Pelas estruturas da cidade.
Não o encontramos...
Portanto, expusemos nossos medos,
Esperanças e absurdos em fragmentos,
Sem o Todo Essencial
Nas palavras e no ímpeto.
O escorpião com asas de beija-flor
Nos impeliu às ruas:
Mascarados e sem bandeiras ditaram
Ordens violentas e fascistas
Para ocuparem "democraticamente"
Aquelas ruas Libertadas
Com bandeiras Vermelhas clarividentes:
O discurso do oprimido sem consciência de classe
É a porrada, meu chapa;
O discurso do que é afetado
Porque a ralé
Agora senta ao seu lado
No avião é
A cartolina defendendo o próprio rabo
E não uma causa plural;
A escuridão de perspectivas
Morais, culturais, inclusivas e progressistas
É o vazio dos que gritam
Contra tudo e contra todos
Sem darem-se ao menos o privilégio de pensarem
Sem a indução daqueles contra quem gritam,
Senão reproduzem
As palavras ditas na TV
A plenos pulmões pelas ruas,
Esses fantoches raivosos...
Ora, aprendamos: se há abutres,
Outros selvagens fizeram a carniça...
Oh, sim, algumas conquistas
Apesar do movimento amorfo das ruas.
Mas não esqueçamos:
O beijo
Vem do mesmo lugar que o veneno:
Lá de cima.