quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Pouco mais que pássaros

Tirei os calçados
e parecia que um chumbo enérgico e ignorante
saía do meu caminho.
Pus as mãos
em meu corpo já sem camisa
e senti mais ar nos poros
do meu peito,
podendo respirar leveza rara.
Mas quando espichei as pernas
sobre minha cama,
tudo ainda doía
e eu esperava a dor passar
e aguardava por minha Amada
para compartilhar de uma saudade.
Deslizei no escuro
chegado lentamente
no final de tarde do verão
e pedi a Deus
paz
e quis engolir a sua boca
com o perfume exalado de minha espera.
Olhei o verde sob minha janela
e saltou a sua cor
em meus olhos famintos.
Suportei a dor dos remédios
- que confiava e confio -
para o fim de manias, obsessões e confusões mentais
com pouco mais que pássaros
sobre os prédios.
Suspirei
procurando uma não angústia
para minha espera,
mergulhando
num sono de sonho bom...

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