terça-feira, 16 de março de 2010

Dor Letárgica

Me sinto fodido, arrependido, torturado pelos dias e pelo silêncio.
A solidão está em mim como há muito não sentia
e meu coração tem uma chaga quente como lava.
Seria a maldição bipolarmente prolongada o que fez com que perdesse meus sentimentos outra vez?
Mas e aquele amor, antes maiúsculo, não havia mais?
Eu sinto o som das coisas que perdi
- e sinto que perdi -
e uma tempestade
recomeça e vai e me aniquila
outra vez.
O que faço com esse mal que exponho verdadeiro
de dentro de minha alma
rasgando em mil trapos a mesma alma
que em meu corpo habita?
No insucesso das coisas no tempo,
repito o que não mais pensava
ou tinha como possível,
mesmo que não fosse senão um real fim!
Oh, Deus!
Dor e prisão nos tetos que cobrem-me
e não expõem-me.
A chuva que tomei hoje era fraca,
mas entrou em meus nervos até
eu adoecer mais.
Cura!
Eu quero a cura!
Mal respiro só...
Eu me sinto num vão entre o ontem e o amanhã.
O problema é que o amanhã será outro hoje.
Mas vai ser outro dia, como diria o poeta.
Angústia e tédio: o vômito da escuridão.
Atravesso a avenida sob a chuva de domingo.
Sinto fome sem nunca ter sentido.
Lembro, sim, das coisas boas, mulher.
Mas dôo tanto que o rasgo do meu coração
e a minha mente perversa
estragam meu ser e embotam-me.
O mais estranho é que nem choro...
Minha mente ainda é uma câmara de tortura
aprisionando meu coração...