quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Nadeando

O eterno número dois.
O sempiterno segundo.
E mesmo assim,
No lugar do sono a cama abre
Espaço
Para a memória e, dentro dela,
A lascívia e a consequente paixão.
Casada.
Mãe.
Sua mente
Engravidou de nosso Amor.
Nenhum feto.
Dessa vez, nem isso,
Mas seu corpo vazio
Abortou todos os sonhos.
O amante traído era eu.
Eu também confusão.
Inglório, solitário,
Bastardo homem
Entre pernas sem arrepio,
Apenas músculos úmidos.
Sem estrelas,
A noite abriga o esquecimento.
Alheio.
Sem solução.
Desafio perdido.
Autocomiseração.
Sangria mental.
Minha infância vasculhando
O poder da voz dedurando
Aquele vil metal.
Ela dizia
Que eu amava o passado
E não via.
Quanta bagunça sob a barba
Em meu espelho...
Bem, pelo menos
Não há mais do que me envergonhar...
É que olhar para trás é tão vergonhoso!
Prefiro morrer só!
Acostumar-me só
Será um exercício constante,
E a prática tem me castigado.
Nadear é para os confusos,
Não para os loucos.
A loucura é para os corajosos,
Contém os piores riscos.
E não será sempre à beira do abismo
Que o sonho de voar realizar-se-á?
Assim, nesse caos de êxtases,
O ajustado veículo
Dos elementos essenciais dar-se-á!
Só.
Absoluto.
Planador ferino.
Único, a realizar-se
No tempero de avistar o bruto,
Deixando para trás
O que se dizia limpo,
Mas não passava de pó...

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Água

Depois de alguns tropeços,
Com teus olhos nos meus vieste
De mansinho
Alojar tua Alma à minha.
Como, de mansinho, um turbilhão?
A imprecisão da palavra é pureza...
Não se explica a naturalidade
No gesto da folha
Que cai do galho da árvore
E se condensa
Sobre e entre
As águas do rio...
Arrepio...
Consciente provocação sem dedução.
Insinuo a sedução
Pelas tuas curvas,
Nuances, matizes, perfumes
E seres dentro de ti
Transformados
No que eu vejo.
Sinto o teu deslize.
Aceitaste o meu navegar.
Pedes minha exploração.
Caudalosa,
Afogas-me e socorres-me
Entre as tuas profundezas.
Aceito o teu barro escondido
Tangendo
Minha percepção - são teus
Leves cascalhos
Demonstrando o voo
De quem Vive!
Afastamento

Vaguei até o Sol
E toda a minha fraqueza
Concentrou-se na Dor Maior.
Perguntei em pensamento pela enésima vez
"Como isso foi acontecer?
Logo ele dentre tantos!
Por quê?"
Como o Sol não me respondeu à
Eterna sensação de vazio,
Resolvi voltar a arrastar minhas correntes
Pelas sombras originais.
Não havia procurado...
Encontrei
O que reencontrarei
Amanhã e depois,
Até sempre morrer um pouquinho
Ao relembrar.
Se houvesse algum motivo
Para aquele Sol me entristecer,
Por que agora
Uma nuvem é trazida pelo vento
Cantando a saudade
Em seu bloco frio?
Afinal,
Dizem por aí
Que Deus é bom...
Eu até confio.
Mas no final
Ele tem levado tanto de mim
Que até minhas lágrimas roubou
Para chover
Sobre os que ainda não sentiram dor,
Já que eu não esqueci como é,
Mas estou seco...
(Essa é a parte da minha Alma
Dilacerada pelo Diabo...)!
Vasos Derrubados

Por que eu fiz isso comigo?
Eu te Amo!
Existes verdadeiramente
Ou és
Outro
Teste Amoroso da minha loucura?
Uma vaga lucidez combate
O espírito inquieto
Que desajusta meus atos
E perturba meu corpo
E gestos.
Na hora do Amor
E da Ternura
- Justamente -
A besta imunda adormecida
Na mente
Manipula a percepção.
Não me é novidade essa falha...
O que fazes comigo é o que
A Natureza explica
E inquieta
- Eu te Amo! - repito.
Meus olhos no vazio.
Medo consternado
Da ação
Profunda
Em tua direção.
Por que ouço o grito da destruição
Para ter de calar-me
Com o nó da minha voz
Procurando externar
Uma paz verdadeira,
Porém fugidia?
Preciso do clímax etéreo da Simplicidade.
A Humildade
Já me fez reconhecer
A paranoia diante de ti, Amada...
Quanto mais,
Para além do que já sei,
E tão nada para meu Ser
Significa?

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Raízes

Colo de mãe
Abraço de pai
Olhar de irmão
Amores essenciais
Para o céu
Que floriu a terra
E a flor
Que despertou para Deus
Feito Vida que não emperra
No fel
E dá o teu gosto
Para eu sentir
No meu.