Nossa fome é uma angústia permanente
no olhar do
prato vazio
da cólera.
Não estamos nem aí para o amor
porque cansamos de amar demais,
mas é esse éter insosso que respiramos.
As camas estão pela metade.
As ruas foram incendiadas
pelo fel nas veias dos desvalidos.
Há nações inteiras à espera
da humanidade que costumávamos cultivar e,
mesmo assim,
um beijo é recebido
- sempre -
por espinhos de flores frágeis
que só choram escondidas do sol.
Há embarcações sobre
oceanos em chamas
dizimando
a fauna dos corações
mais inocentes e frágeis.
E ninguém consegue parar o caos que é essa fuga.
Para onde ir, afinal?
Aquelas crianças
que sonhavam dentro de nós
até uns anos atrás:
onde foram parar?
E a sensação é tão inversa,
que quando nos deitamos
em nossas camas
repletas de
coisas
no lugar de nossas mulheres
que o amor levou
por isso ou por aquilo,
encolhemo-nos como fetos apavorados,
prisioneiros num mundo de água
chamado Terra,
onde todos respiram e
correm insanamente
por hectares
de
vazios
preenchidos por
nadas
em incessantes tempos
inacabados.
Por que é tão difícil entender o que está acontecendo?
Há hospícios inteiros
perambulando pelas grandes cidades
gradeadas
dentro de nossas cabeças.
Há presídios superlotados de ideias
que para nada servem,
a não ser para enlouquecer.
Na solidão dos corpos
há uma grande
manobra ou catapulta,
algo que invade ou conquista
o que nossas mentes e corações
- muitas vezes rivais -
desejam.
Mas sempre haverá algum perfume
na memória daqueles
que um dia amaram...
Por que vagamos desse jeito?
As piores guerras vencemos em silêncio
e no aprendizado daquilo
que há ao nosso redor.
O que é sonho?
Qual o pesadelo da realidade amanhã?
O estado de todas as coisas
que dóem
é o que faz a gente se recuperar.
O que temos de fazer
para não enlouquecermos
de vez?
O que temos de fazer
quando ouvimos
a voz da Solidão?
Há um alívio momentâneo em cada queda.
Em seguida, há uma paz impermanente em todo cume.
Há avisos fúnebres
nos olhos abandonados de alguns irmãos
que não admitiram seu potencial.
Alcance agora.
Basta ir com calma.
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