quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

"Húmus"

Que fome sinto!
A fome do poder perdido.
A incapacidade venal de amar.
Na memória do braço morto
não entregue à paixão,
razão sobre os estilhaços da emoção vai produzindo,
no tato obscuro dos mares,
ser amanhecido.
Linha exangue entre o pensar e o sentir.
Produzo o dia a partir da necessidade do meu todo.
O espólio frágil, conquistado com suor não meu;
o que sempre tive sem desperceber
a injustiça, o engodo, a miséria e a fome
que se tornam minhas
no momento em que
vejo-as
e
sei-las
de um ser humano a danar-se;
o olhar recuperado de um irmão
fadado
às derrotas abissais da vida
me propõem um prisma
que força reencontro
para safar-me da perdição.
Luto a cada manhã porque tenho de
reconquistar-me
para
conquistar
meus objetivos.
É um mundo confuso esse onde plantamos amor...
Pois o saciar do amor
não se colhe de árvores desprovidas de seu fruto,
mas da terra
no seu húmus mais profundo
produzido pela natureza mais escura!
E, então,
a nosso tempo,
em cada mão,
temos o fruto universal
regendo cada ponto no céu de coração a nos guiar
as almas e as capacidades
intrínsecas
à nossa frondosa humanidade!

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