domingo, 9 de dezembro de 2012

Num Verão de Agosto

Sobre o teto de meu quarto
Desolado
Sob a luz imunda do silêncio
Estorvado
Pela poluição das gentes,
Há um grito.

Durante todas as horas
Do dia
Acontece essa força
Doentia
Acendendo a minha
Empatia.

Essa voz aguda e indefesa
Que os homens calam
Com as palmas das mãos
E as mulheres calam
De emoção.

Se não me engano, declara-se,
Por essa expressão,
A força pela Vida,
A fraqueza de toda a pureza
Frente aqueles que,
Do Amor,
Queimaram os corpos em flor,
Gerando desprezo e dor.

Há um silêncio na cidade.
E a culpa é minha,
Pois não insisti...
Mas, te juro: eu gritei!
Minha voz ecoou
Até que as músicas soassem
Irrelevantes
- Como em sua maioria -
Pelas ruas e esquinas cada vez mais burocráticas.

De nada adiantou...
Os ônibus seguiram
Nos cuspindo
Monóxido de carbono,
A minha mente prosseguiu doendo,
Os meus olhos incharam de empatia,
Trabalho
E percepção
Para o que há
De mais
Puro
E para o que
Transformam
Em miséria da Alma.

O Verão de Agosto
Me enraiveceu,
Fortalecendo, assim,
As raízes do meu sangue
Derramado
Ao solo de onde colherei
O fruto compartilhado
Com uma indeterminada
Principal Dama.
E nada disso mudou o silêncio
Que há aqui dentro,
Pois o grito calou - destruída Arte
De cantar.

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