segunda-feira, 12 de março de 2012

Fel

Meus olhos não dizem,
jamais poderiam deixar claro
o quanto vario por dentro.
Ninguém acreditaria na complexidade que a mente,
entre plantas afogadas por tormentas
e inspirações de um ar denso a diluir-se
pelo processo da concentração,
deságua no espelho tão fiel a dor e ao sarcasmo
dela derivado para preencher-me com o meu melhor.
No entanto, há gente mais egoísta do que eu,
que sou cruel olho no olho
e não através dos disfarces
de uma nova fuga planejada.
A liberdade que eu me dei
não foi para mostrar aos outros
que podia ser livre,
senão para salvar-me da autodestruição.
No ponto em que cheguei,
a cota de covardias
- aquela do cagão e aquela do maior contra o menor -
acabaram,
e o sublime disso é que luziu a fieldade
da Alma, do Coração e do Corpo
transpostos em Arte.
Sendo esse artifício - a Arte - o fim e o ponto de partida
simultaneamente,
desferi
vômitos, gritos, lágrimas,
compreensões,
experiências submetidas a traições,
luta, paixão, força,
carinho, espera, paciência,
fé, Amor, dignidade,
mesmo que isso soasse errado
em determinados momentos...
Não vou pedir perdão
nem chorar
por ter errado fazendo com razão
o que me liberta:
o sentimento puro do instante!
Castração é para aqueles que morrem de medo
e escondem o coração outrora repartido,
porque o Amor Verdadeiro
lhes faria mudar
através de dores insuperáveis para eles,
seres castigados por abandonos
dizimando,
na fuga,
as emoções de seus Amores.
Oh... É tanta dor!
Não somos,
no Amor,
um projétil lançado ao céu
sempre em direção ao abismo?
O que carrego em mim
é a alegoria da simplicidade,
porque Poesia é pensamento incondicional.
A febre
de pessoas que não raciocinam
me dá dor no pensar.
Vou usar minha empatia para algo que valha a pena...
Não basta lembrarmos das lições dos mortos pelo Câncer.
Temos de Honrá-las!
Por isso, mais uma Poesia amarga
para a dor de quem verte fel
pela própria incompreensão
do que seja Amor...

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