Por que essa frieza,
essa apatia para situações
que antes eu era um vulcão?
Eu estou aí e aqui.
Logo estarei aí
e em um local que não existe
como aí.
Mas aí existe, assim como aqui.
E ambos são nossos!
Eu dormi o dia inteiro.
Meus olhos estão inchados de tanto nada.
Os peixes - em ambas as casas - existem,
mas aqui é de papel
e aí é num aquário
para divertir a criança perto de Deus.
Meus cabelos branqueiam.
Amanhã um ritual de envelhecimento,
amadurecimento e satisfação
no seio familiar e do Amor.
O dia será especial... é o que peço a Deus.
Assim como o fim do suplício
dessas eternas bifurcações
em caos, lavas, furacões e esquisofrenias.
Sem lutas, amada!
Te quero na Paz e no Amor!
O céu me enterra.
O que será ilusão?
E sonho?
Queimei minha pele
e banhei meu corpo querendo dividir,
Amada, contigo
aquelas horas mais felizes.
Havia dragões e mundos submarinos
se confundindo com o éter
da natureza abundante.
Sem alienação.
Ali eu estava e te queria e queria estar ali.
Escalei e desci para a cachoeira.
Abanei para os guardiões lá no topo e eles
jogaram suas almas para mim.
Eu gritei.
Era primal o som gelando meu crânio e meu peito.
E pedi a Deus que me recuperasse.
Saí e fui até o Sol.
Lá onde esquenta o coração
e as cinzas são pedaços
das estrelas que partiram.
À noite
o céu ficou órfão
sem que eu pedisse qualquer força.
Eu apenas admirava as nuances de preto e branco.
Eu não preciso enlouquecer.
Eu não vou enlouquecer.
Eu vou superar quedas
e elucubradas palavras que não agem.
Vejo outra sombra.
Não havia ninguém - de novo -
quando olhei pro lado.
Normal.
Procuro o silêncio dos que trabalham:
motoqueiros atrasados,
pedreiros martelando o próximo arranha-céu,
loucos sintetizando a vida numa frase que é sempre a mesma
maquinada, maquinada, maquinada,
executivos odiando o calor e pensando no dinheiro,
poetas exagerando tudo,
crianças produzindo seus corpos para adultos sacanas,
a rua inteira morta de lixo,
invadida
pelo sopro quente do vento entoando o Hino Nacional,
um bêbado gritando que é campeão esquecendo de amanhã,
e eu acreditando nisso tudo,
pois para tudo isso há uma ciência
e um jogo de cintura,
para levar adiante.
Cá estou:
esfolado,
incontido na arte solitária dos meus grãos.
E a estupidez
força forca
na praça da razão.
Um cão estúpido preenche com sua sarna
uma canção erótica
assobiada pela prostituta
banguela
cheirando a foda.
É dia outra vez
e o sol
mói suas tetas caídas e lindas.
Sabe que será só mais uma repetição.
Eu não sinto saudades de nada.
Eu sinto o Amor por ela.
Eu acho que desejo ficar só
para,
amanhã,
querê-la.
Há boatos em minha cabeça.
Falácias que essa mesma peça engenhosa
que vê beleza nas pernas dela,
ou num pô-de-sol,
contam para o resto do ser
e o corpo desaba.
Então, meu coração é o grande mestre
na tempestade seca das ações e tolices:
reencontra meu ser
e eu sou surpreendido pelas palavras dela
e, então,
quando perdido,
nela me
encontrei
outra vez.
E, mesmo assim,
piro,
mesmo sabendo
da calma e do sonho.
2 comentários:
Não é fácil ler apenas uma vez e tirar uma idéia...
Distante e próximo a nossa realidade!
Faz pensar no que é...
Calma e o sonho...
Oi João,
Que forte suas poesias!!!
visite meus blogs e fique a vontade em comentar...
Postar um comentário