segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Violências, Acordes e Flores

O seu perfume coroava meu sono.
Inacreditável silêncio...
Inanimado eu.
Absurdos da mente.
Então, a voz dela e tudo bem para o caos, tudo bem para o rumo.
Noite em cadeia.
Habito-me.
Mais! Ela! Mais dela! Eu em mim nela!
A estranheza de minhas palavras...
Matizes, sonoridades e grunhidos são violências, acordes e flores.
A substância do seu beijo era a Liberdade que eu dava e tirava como a natureza do movimento das ondas.
Dei-lhe meu profundo, meu vil.
Não neguei-lhe meu subentendido, minha devoção.
Tinha-lhe no objeto do corpo,
no transcender da alma,
na lamacenta paranóia,
na doença incapacitante do Amor.
A tinha, sim!
Mas a perdia por dentro
de pesadelos
e dubiedades
na conseqüência
do que percebia
meu gentil gesto.
Era incongruente meu penar!
O mundo jamais seria meu!
Eu só queria aqueles momentos em que o mundo inteiro inexiste!
A paixão é um delírio hostil e encantador!
Os meus poros sentiam saudade do cheiro
que a infância exalava
pelo sangue dos meus joelhos,
pela alergia dos meus cotovelos.
Ser pai talvez seja pôr em ordem as fotos das sombras desavisadas de nossa infância.
Uma noite em aflição na raiva daquele vagabundo que zanza pela doença.
Depois, o conhecimento
quando
quase
a morte
ludibria as asas,
e a doença,
curada uma vez por dia,
põe ninho no céu do conforto.

Um comentário:

Maju disse...

Liiindos João! Parabéns, profundos e arrebatadores!
Bjão guri
Maju