sábado, 24 de julho de 2010

Eu versus algo não meu

Não adianta eu brigar;
não adianta eu espernear:
você estará sempre em minha mente.
Você que nada é, que a nada pertence,
estará sempre em meus casos amorosos e,
quando eu menos esperar,
soará como um acidente fatal de carros em que,
assim que as almas dos motoristas e passageiros
forem nuvem
que largou pingos de carne sobre o asfalto,
um acidente etéreo me fará
outra vez
piscar para esquecer...
Mas mesmo assim eu voltarei.
Embora não adiantem meus socos na parede;
embora eu esfole meu coração
com o ranger de meus dentes:
você que por horas a fio imobiliza meu ser
no silêncio que os fragmentos tecem um enforcamento
de meu todo supondo-me teu,
química e/ou comportamentalmente,
será o primeiro a evaporar com o estrondo de uma palavra
como um nome bonito entoado por um povo
no por-de-suas-lágrimas.
Por quê?
Simples: porque eu sei que voltarei...

2 comentários:

Cácian.Castro disse...

"piscar para esquecer..."
Interessante!

O que se perde quando os olhos piscam?

Nina Leal disse...

Olá, João!!!
Lembra de mim? sou a Marina que tú deu o endereço do blog lá na Ipiranga!!
Teus escritos são lindíssimos, e esse em que eu comentei me comoveu muito.... ôh, coisas do coração!!!!
bjo!