sábado, 24 de julho de 2010

Dentro das coisas

As coisas das coisas dentro das coisas.
Os passos desalinhados nos entardeceres suaves.
A frustração no tempo.
As buscas infindas para nada
dentro de um universo tão profundo.
Que alma é essa que só indaga?
Onde foi parar toda a ternura?
Pinte um arrebol nas paredes da mente
para amainar toda a nostalgia
e todo o impacto
que possa descolorir o futuro.
Pise fundo na lama do hoje
espalhando seus olhos para o sol a pino.
Queime!
Perfure a tortura sobre as quais
as plantas aquáticas
saborosas
de seu afogar derradeiro
lhe impuseram o H2O venenoso
que tomou sua morada,
onde musgos e monstros
lhe devoram o ar
no olhar e no susto.
As coisas das coisas dentro das coisas.
Escape, não fuja!
As coisas nunca são tão simples, amigo...
Nunca ponha tanta fé nas palavras de uma mulher,
confie mais nos atos dela.
Eles provam e aguçam
o seu instinto
se você souber observar.
Traga qualquer coisa no bolso:
um amuleto,
as mãos
ou
o desespero.
Chuva no cimento da solidão.
A forca da fissura
se esvai como fumaça de pesadelo
quando a força ganha do tempo
na vontade do coração.
As coisas das coisas dentro das coisas.

Um comentário:

NO MUNDO DA LU(A) disse...

João.
Lendo novamente esta poesia agora, e penso que o momento foi extremamente adequado, pois estava aqui a indagar sobre justamente, as coisas e as causas...e descobri que muitas das minhas buscas são infindas e para nada...e tua poesia tomou forma em mim como se minha alma estivesse sendo lida por tuas palavras ...
o mundo...o meu mundo...o teu mundo..
as coisas das coisas dentro das coisas.

Apenas os verdadeiros poetas possuem o poder de dar vida a suas palvras...tu és um deles.
bjo.