sábado, 24 de julho de 2010

Antes de adormecer

Esse inferno não é feito de dúvida,
senão de angústia.
Uns corvos repousam
sobre os ombros
desconfortáveis
da madrugada.
Sem fim é o vômito.
Mas minha barba não denuncia,
pelo menos,
aquele vômito...
o filho do primeiro.
Eu sei que estou louco!
Eu sei que sou louco!
Será que o louco sabe que está ou é louco?
Em qual dessas categorias me encaixo:
a oscilante ou a perene?
Pergunto, pois oscilo perenemente...
Um vegetal humano sorri
e grita a satisfação
de ser uma aberração.
A velha gorda
que diz ser espancada pelo amor
confunde aquela desgraça comigo.
Não sou eu lá
senão pela
empatia
que sinto pelas doenças mentais
desde criança.
Bem, quando criança, tenho certeza,
era apenas empatia,
como sinto até hoje também por
mendigos, aidéticos,
crianças realmente abandonadas,
o que a mim demonstro
que não são dessas vicissitudes
que sofrer desejo,
portanto,
igualmente,
não desejo a loucura,
como dizem por aí...
Sobre a raiva dos dias,
essa noite vou deitar
lembrando de ter visto gente
na Rua da Praia
enquanto o vento
trazia-me o perfume
de algumas mulheres
sem saber se me lembrarei
- já que há muito não lembro -
dos meus sonhos
ou se o fato do contato
me trará,
obviamente,
apenas um pesadelo.
No entanto,
pretendo um sorriso estúpido
antes de adormecer...

Um comentário:

NO MUNDO DA LU(A) disse...

A agonia desenhada na página transforma-se em poesia...transforma-se em cura e causa das modificações internas que nos surgem diariamente...

..." NO ENTANTO PRETENDO UM SORRISO ESTÚPIDO ANTES DO ADORMECER"

Perfeito!!!

beijos letrados....