sábado, 24 de julho de 2010

Eu versus algo não meu

Não adianta eu brigar;
não adianta eu espernear:
você estará sempre em minha mente.
Você que nada é, que a nada pertence,
estará sempre em meus casos amorosos e,
quando eu menos esperar,
soará como um acidente fatal de carros em que,
assim que as almas dos motoristas e passageiros
forem nuvem
que largou pingos de carne sobre o asfalto,
um acidente etéreo me fará
outra vez
piscar para esquecer...
Mas mesmo assim eu voltarei.
Embora não adiantem meus socos na parede;
embora eu esfole meu coração
com o ranger de meus dentes:
você que por horas a fio imobiliza meu ser
no silêncio que os fragmentos tecem um enforcamento
de meu todo supondo-me teu,
química e/ou comportamentalmente,
será o primeiro a evaporar com o estrondo de uma palavra
como um nome bonito entoado por um povo
no por-de-suas-lágrimas.
Por quê?
Simples: porque eu sei que voltarei...

***amigo? mais que amigo meu anjinho da guarda**

O pior dia do ano

A imagem anterior, mas não a rotineira.
Aquela que um dia fora Amor.
A rotineira, nem tanto.
Tu, em grãos,
constituindo um todo que eu afastei,
que tu afastaste.
Margeio rios de insânias.
Molho meus pés.
O arrepio e o horizonte guardando
a dor latejante que só
a noite embriaga.
Um guri nu repetindo suas ofensas
em suas perturbações.
Eu tenho que aguentar.
Até que o Silêncio se ofereça...
A esquisofrenia me seduziu numa dança
que me fez estrebuchar!
Louco, doente, esquisito, sortudo, palhaço, canário, solitário, passional, pegajoso...
Filho de muitas putas!
Aguente esse vômito enquanto caga sangue!
Isso! Uma esmola para o crack no sinal...
Respire essa chuva de desdém
que você
amava
agora que o desdém
não lhe ama
e nem chora ao telefone pedindo
seu amor maior
por medo
de si!
Engasgue com o naco de sua língua
alimentando sua angústia!
Quebre seus dentes com um martelo!
Você é um inútil e a culpa
será sempre
sua!
Soe qualquer coisa original.
Uma lambida inesperada no pescoço
daquela vadia e tudo
no seu lugar...
Porra dos infernos!
Estava só na lua, não na carne dela!
Esgoto sempre corre!
Coração sempre...
Sempre sofre...
O suor das tuas mãos...
Quando eu tinha dezesseis anos,
tu já eras mulher
e logo foste
mãe.
Teu sorriso é uma mentirazinha ordinária que me excita!
Meu coração não partiu, o que rachou foi a rua
do acaso na casa do Poeta
quando o beijo,
por descuido do Tempo,
só por esses dias
aconteceu.
Puta que pariu!
Eu sou um mentiroso, mas não vou escrever isso.
Bá! Já escrevi.
Bem, talvez eu não seja, então.
Saudades!

Antes de adormecer

Esse inferno não é feito de dúvida,
senão de angústia.
Uns corvos repousam
sobre os ombros
desconfortáveis
da madrugada.
Sem fim é o vômito.
Mas minha barba não denuncia,
pelo menos,
aquele vômito...
o filho do primeiro.
Eu sei que estou louco!
Eu sei que sou louco!
Será que o louco sabe que está ou é louco?
Em qual dessas categorias me encaixo:
a oscilante ou a perene?
Pergunto, pois oscilo perenemente...
Um vegetal humano sorri
e grita a satisfação
de ser uma aberração.
A velha gorda
que diz ser espancada pelo amor
confunde aquela desgraça comigo.
Não sou eu lá
senão pela
empatia
que sinto pelas doenças mentais
desde criança.
Bem, quando criança, tenho certeza,
era apenas empatia,
como sinto até hoje também por
mendigos, aidéticos,
crianças realmente abandonadas,
o que a mim demonstro
que não são dessas vicissitudes
que sofrer desejo,
portanto,
igualmente,
não desejo a loucura,
como dizem por aí...
Sobre a raiva dos dias,
essa noite vou deitar
lembrando de ter visto gente
na Rua da Praia
enquanto o vento
trazia-me o perfume
de algumas mulheres
sem saber se me lembrarei
- já que há muito não lembro -
dos meus sonhos
ou se o fato do contato
me trará,
obviamente,
apenas um pesadelo.
No entanto,
pretendo um sorriso estúpido
antes de adormecer...

Dentro das coisas

As coisas das coisas dentro das coisas.
Os passos desalinhados nos entardeceres suaves.
A frustração no tempo.
As buscas infindas para nada
dentro de um universo tão profundo.
Que alma é essa que só indaga?
Onde foi parar toda a ternura?
Pinte um arrebol nas paredes da mente
para amainar toda a nostalgia
e todo o impacto
que possa descolorir o futuro.
Pise fundo na lama do hoje
espalhando seus olhos para o sol a pino.
Queime!
Perfure a tortura sobre as quais
as plantas aquáticas
saborosas
de seu afogar derradeiro
lhe impuseram o H2O venenoso
que tomou sua morada,
onde musgos e monstros
lhe devoram o ar
no olhar e no susto.
As coisas das coisas dentro das coisas.
Escape, não fuja!
As coisas nunca são tão simples, amigo...
Nunca ponha tanta fé nas palavras de uma mulher,
confie mais nos atos dela.
Eles provam e aguçam
o seu instinto
se você souber observar.
Traga qualquer coisa no bolso:
um amuleto,
as mãos
ou
o desespero.
Chuva no cimento da solidão.
A forca da fissura
se esvai como fumaça de pesadelo
quando a força ganha do tempo
na vontade do coração.
As coisas das coisas dentro das coisas.

sábado, 10 de julho de 2010

Encontro Poético

"MARIAS, AMÉLIAS E CAMÉLIAS"

com a participação do
escritor e compositor
convidado

JOÃO CONY

dia 13/07/2010, terça-feira

às 17 horas

local: Poeta Café

5° andar da Casa de Cultura Mario Quintana

SEJAM TODOS BEM VINDOS!