quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Primeira Flor

Dorme com Deus
E acorda com um sorriso lindo
Tendo-me em teus pensamentos
Que dormem agora comigo...
Sonhos de sentir
Plantam voz no silêncio,
Desprendem o ar
Do sumidouro.
Olhos em vão reacendem:
O tanto do tato tolhido.
Superfícies e invólucros rompem-se
Com o fogo do mistério universal
Invadindo.
Terra verdejante em meu peito seduzido,
Ardendo noite que fora esquecimento.
Primeira flor essa surpresa - nada alheio,
Tudo vivo,
Cada sorte em seu destino.
Estrela em meu ouvido,
Capacidade de tentar
Quando a memória é falha - morta, jamais!
Deslize profundo de desejo
Feito mãos enraizadas na Alma da pele.
A sede que brotou espera
Saciou-se
No pingo da aurora.
Todo coração cansa de bater só.
Deito meu peito ao teu
E destruímos prisões!

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

No Verão da Existência

Quero morrer
Fazendo Amor
Sobre a minha velha companheira,
Vida.
Nas coisas ruins não há ordem.
Só há regência no Amor.
Seja no Amor, seja na Guerra:
Ame o seu dia!
Há sempre uma surpresa
Quando destruímos o mundo geral
E descobrimos o motivo de aqui estarmos.
Após o Despertar do Espírito,
Mesmo a Dor tem sabor e perfume de Flor.
Pequenas Primaveras da Alma
O meu corpo e o meu refletir
Exalam
Por olhos,
Boca,
Poros.
E no Verão da Existência
A Sinfonia da Vida é entoada
Consciente e inconscientemente
No trabalho Artístico de aceitar e evoluir,
Revolucionando tudo
Que ao meu redor quiser,
Junto, vir!

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Do Coração e do Pão

Um dia
Esse osso de minha fronte...
Esses músculos fazendo máscaras...
Egos indecifráveis, um dia...
Escravizadas fontes de nervos
Suportando o intraduzível.
Toda tensão sobre os ombros e as omoplatas,
A fadiga suando sua última gota de sal.
O protuberante Sol de ninguém,
De lugar prometido nenhures,
Para todos erguido pela fé diária.
Um dia
As pernas aos trancos...
Minha mandíbula vaginal
Sulcada de sucos
Vertendo teu gozo épico!
Os "clec-clecs" dos dedos quebrados, rompidos,
Que acordes inventaram
Silêncio...
Tubo digestivo
Os fenômenos intrínsecos ao capital
Vomitando.
Relevância subjetiva
Rasgando todas as tentativas...
Mas a gente segue tentando com a ternura devida.
Oh, tendão enfraquecido:
A palavra da Maldade
Esgotando por ora a Esperança,
Recolhida em contemplação,
Em nome da revolta futura.
Não há de tardar!
Se tardar, problema haverá sido calar!
Oh, prisão do meu corpo só!
Oh, ventre que eu entre potente,
Presente,
Com os dias e as noites solicitando-me frequente!
Um dia, afinal...
Do coração e do pão.
Inteiro compartilhado.
Revolução de vísceras à luz da Comunhão.
Medo

Medo de abraçar.
Medo de se deixar levar.
Medo de Amar.
Medo de a criança em si voar.
Medo da rua.
Medo da Lua.
Medo da coisa crua.
Medo da palavra nua.
Medo daquele beijo.
Medo de engordar com queijo.
Medo, Senhor Medo.
Nalgum lugar outro torpedo.
Mais um irmão querendo o petróleo da Morte,
Matando seu irmão sem sorte,
Outro retrato da Morte.
Medo, Senhor Medo.
A Ti também eu fedo.
Humano, carniça, dedo.
Medo, indigno medo.
Minhas vísceras estão doendo.
Nos portais da solidão outro solitário está sofrendo.
Pois nos viu chegar em luxúrias, por isso nos expulsará cedo.
Medo, Humano Medo.
Nossa crença é o teu enterro.
Pedra, terra e frio onde jazerás de medo.
E nós não teremos medo
Do ponto de vista dos erros.