sábado, 3 de agosto de 2013

Névoa

Todas as expressões
São contempladas
Pela minha observação.
A névoa vai se dissipando
Sobre as ilhas
Do Guaíba.
Lá embaixo
O cotidiano - as pombas
Mais naturais e mais além
Do que qualquer um de nós.
Mesmo que não me alcancem
Aqui em cima,
Logo a realidade entre os meus será menor,
Rasteira,
Sempre sonhando
Com têmporas de nuvens
Neutralizando a dor,
Pacificando o medo
De cada ilha
Representada
Por cada um de nós.
Eu sugarei e verterei
A mesma chuva
Que qualquer outro,
Mas nenhum seguirá
O mesmo caminho que eu,
Embora inebriados
Pelo mesmo fenômeno.
O que nos unifica, nos distingue,
Apesar
Do mesmo teto,
Do mesmo choro.
Depois que sairmos
Das prisões quadradas
De nossos pombais mentais,
Notaremos o oco do mundo:
Esférico em ciclotimias
Dando voltas
E confundindo nosso mundo de dados
Caixas
Televisões
Armários
Salas.
O livro só liberta porque
Ele é que entra na gente,
Porque o Ser
O procura na sede
Por algo além de suas páginas -
Formas exatas ensinando-nos
A Viver num mundo inexato
E sem o romantismo
Contado a castigo nas escolas.
Névoa imunda
Inunda
Meus eus em trégua.
Só saber disso me faz espacial,
Atemporal
Enfiando minhas garras
No centro do Universo,
Pendurando móbiles nas estrelas,
Repousando nas crateras da Lua
Para acordar correndo
Em direção aos raios do Sol,
Cipós celestiais da força,
Da imaginação
E do caos.

Um comentário:

Leila-Silveira.blogspot.com disse...

bem vertidos, os versos falam das tuas verdades. linda saudade.