sábado, 6 de julho de 2013

Escorpião com asas de beija-flor

Escorpião com asas de beija-flor.
Erguidas mãos
Do trabalhador
Para o céu de dor
Que clama para o chão
Com Amor.
Escorpião com asas de beija-flor.
Cadê o salvador desse caos -
Mergulhada calúnia em nosso coração?
Dentes quebrados.
Pratos vazios.
Muros pichados.
Ignorância gentil.
Escorpião com asas de beija-flor.
Lá do alto vigia as formigas sem rumo da Nação.
Causas boas raramente fizeram uma real união.
Sopa invernal aos pobres.
Doces às crianças colorindo seu olhar.
Carne humana sangrada pela Humanidade.
Escorpião com asas de beija-flor.
Quem somos nós?
Por que não conseguimos pensar,
Apesar da consciência que temos?
Será o barulho ensurdecedor de teus músculos
Vigiando com tua mira a nossa escuridão
Ou nossa cegueira fragmentando-nos
Mesmo quando caminhamos por causas justas,
Porém sem bandeiras palpáveis,
Dando-nos as mãos?
Escorpião com asas de beija-flor.
Animal de aço pairando com inteireza sobre nós:
Com o bico,
Mira-nos com sua luz de mil sóis
Como a uma Amada flor;
Com a cauda,
Aplica o golpe injetando veneno
Em nossas mentes vazias.
Sem por quê, nos apaixonamos
Por revoltas reprimidas e gritamos de dor,
Mas sem o Amor
Necessário e certeiro
De quem já doeu de Amor,
Mas como quem ouviu falar
Que o Amor doía...
Pichamos - ainda antes disso -
"Mais Amor"
Pelas estruturas da cidade.
Não o encontramos...
Portanto, expusemos nossos medos,
Esperanças e absurdos em fragmentos,
Sem o Todo Essencial
Nas palavras e no ímpeto.
O escorpião com asas de beija-flor
Nos impeliu às ruas:
Mascarados e sem bandeiras ditaram
Ordens violentas e fascistas
Para ocuparem "democraticamente"
Aquelas ruas Libertadas
Com bandeiras Vermelhas clarividentes:
O discurso do oprimido sem consciência de classe
É a porrada, meu chapa;
O discurso do que é afetado
Porque a ralé
Agora senta ao seu lado
No avião é
A cartolina defendendo o próprio rabo
E não uma causa plural;
A escuridão de perspectivas
Morais, culturais, inclusivas e progressistas
É o vazio dos que gritam
Contra tudo e contra todos
Sem darem-se ao menos o privilégio de pensarem
Sem a indução daqueles contra quem gritam,
Senão reproduzem
As palavras ditas na TV
A plenos pulmões pelas ruas,
Esses fantoches raivosos...
Ora, aprendamos: se há abutres,
Outros selvagens fizeram a carniça...
Oh, sim, algumas conquistas
Apesar do movimento amorfo das ruas.
Mas não esqueçamos:
O beijo
Vem do mesmo lugar que o veneno:
Lá de cima.

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