quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Sim E Não. Choro E Riso

Sim, meu Amor, choro.
Sobre esse caderno charmoso
De capa vermelha,
Mais uma dedicação a ti.
Não por nós,
Arte castrada que me ilumina e confessa
Tudo em gestos
Porque não sabe mentir,
Senão pela pequenez
Que guarda o ser humano ainda em si.

Sim, Amada, sorrio.
Somos um só nesse mundo
Em que a solidão aniquila,
Mas nós a construímos à nossa maneira
Criando o nosso mundo ininteligível
Para os mesquinhos,
Maldosos,
Sádicos,
Infelizes de espírito!
Tu és diamante!
Eu sou lapidador!
Eu sou bruto.
Tu, a brandura amainando-me.
Em tua terra,
Apenas em ti
E em tua fonte mais íntima
De lapidação posso confiar.
Em tão pouco tempo
Sofri
Por demasiado
O que ambos suportam há muito:
Vocês são meus heróis favoritos
Nessa noite em que minhas lágrimas,
A muito custo, gritam:
Tu não és um covarde, cara!
Para tudo há um limite!
E elas estão certas:
De que adiantaria minha estadia alongar-se
Podendo ela - exatamente -
Ser meu fim
E, consequentemente, por obviedade, o nosso?
Não te culparias eternamente
Caso eu fosse em tua memória um fardo
E não o que posso vir a ser
- Já que nós já somos! -
Visto que tempo e ação tens 
Em tuas idéias mais revolucionárias?
Só falta o ato!
Em minha lembrança
Não sei se, agora,
Rio ou choro:
Capim, terra úmida, o perigo,
Teu corpo, meu Deus!
Cabelos por ambos provocados
Até o limiar da dor que põe mais fogo
Na pele e na íris,
Primal fêmea das fêmeas,
Mulher flor de poesia
Que o Sol desabrocha em meu caule,
O suco de minha provocação
Em tua fenda me amando mesmo sem o clímax...
Como não crer em tuas palavras
Com tudo o que teus olhos,
Telefonemas poéticos e graças dizem-me?
A madrugada sempre será sábia quando dedicá-la a ti...
Peço-te coragem!
Pois minha vinda, minha delicadeza
Em cada dedo e tremedeira
E minha força a cada afronta alheia,
Assim como minha partida
Que soará estranha pra ti,
São a própria coragem que te peço,
Pois se até aqui chegamos feito lobos
- Caçadores implacáveis na escuridão -
Poderemos prosseguir como humanos
Na clareza que só o nosso maior Dom
- A Palavra e a Cor -
Tem para nos guiar
Pela fertilidade, destreza, razão e sentimento
Que o ser livre para fazer-se completo
E unir-se leve e profundamente,
Atinge e, então, o Amor provado
Sendo vivido...
Deus... com tudo isso
Pleno em nossa comunhão,
O que será capaz de nos deter?
(Sorrio, pois creio!)
E da lágrima que maculava esse poema,
Dedico-te, Loba de todas as minhas luas,
A certeza de um sono tranquilo
Sobre a fonte inesgotável
Do Amor incitando-te Amor,
Me fazendo acordar
E trazer mais uma vez
Teu coração
Para que, logo,
Inteira,
Venhas!

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