quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A Sua Companhia

Sim, eu sabia.
Eu sempre soube.
Não deveria ser uma novidade.
Qual o motivo do espanto?
Essa noite chegaria a qualquer momento.

A liberdade trai.
A liberdade exposta, cumprida e selada.
Com a dedicação e a delicadeza
Das palavras mais sinceras.

É mais fácil corroer-me
Do que deixar-me fluir.
Especialmente porque
A minha natural condição psicológica
Vive do imediatismo,
E isso é uma forma de masoquismo
Inconsciente
Ou simplesmente
Impossível de prever e conter.

Pois o voo
Que será em quatorze dias,
E terá repouso de coração juvenil,
É uma espera de nove anos
- Pelo que consigo calcular... -
E nesse tempo todo
Houve luzes acinzentadas
Entristecendo teus olhos verdes
E depois fazendo-me imaginá-los
Sorridentes
Quando redescobri tua voz,
Madura,
Jovial,
Porém incisiva
Sem perder o charme da loucura.

Dúbio sem duvidar da ternura.

Sim, duas sempre.

Essa poesia é feita de tempo,
Estrago e medo,
Espera,
Obsessão,
Sexo,
Paixão,
Ossos e contração.

Não é de Amor,
Senão de possíveis Amores
Que tanto falam...

Incapaz ou Visceral?
Qual valerá mais nesse mundo?
Qual, ao menos, perderá menos?
(Se confundem
Tão bem
Em mim
Esses dois...

Homem deslizado entre tantas coxas,
Experimentado por mulheres
De todos os tipos,
Sorridente ou choroso
Conforme o descaso do Amor,
Conforme a atenção à obsessão.
Corpo que goza profundo
Em carnes
Brancas, morenas, indígenas, negras
Tenho eu as cores de cada orgasmo
Que vi mastigando meu falo
Enquanto eu falava
E, então, desfalecia,

Aqui, mais um pouco de espera...
Quanto à solidão,
Dou-lhe um prato de Poesia
E ela passa à servidão
Para eu agradecer
Sua faminta companhia.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caramba! Que maravilha isso! Amei!!!