quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Apocalipse Moral

Não se apaixone.
Não questione.
Apocalipse moral.
Um dia, nem mais 
Essa carne que coça 
E sangra.
Caramujo na goteira de sal.
Fome de formigueiro.
As mãos que eu tenho
Lutam contra minha pele, 
Meus pelos abatidos 
Sendo substituídos.
Unhas de vagabundo 

Trabalhando
Sob o pior sol da estação.
Suor,

Barba,
Lábios secos
No caminho da dignidade
Que a conquista do dia adquire.
No gozo da solidão
E do tempo que não
Acusa espaço,
A paz
- Descarga desumana

Externando a besta 
Através dos seus poros
Grudentos e sujos.
Um homem sonolento

Pelas ruas
Trabalhando o Espírito acima de tudo.
A proteção do solitário
é o contentar-se 
Com o vazio
Das coisas.
O telefone celular 
Já nem lembra 
De ter consigo.

Um diálogo
Com heróis mortos.
Um banho de sal
Para proteger-se da madrugada
E encolher-se
Na concha uterina da Lua.
A estepe 
No corpo 
De lobo
Fere seu uivo.

Canto rouco desabitado.
O seu corpo está louco
Enquanto a Alma grita-lhe:
"Eu comando essa cadeia!
Eu sou a mente dessa existência!"
Seu corpo 
Parece 

Uma espécie em extinção
Entre as chamas.
Seu Espírito

Eleva-se,
Sabendo-se puro 
Contra a combustão.
O triunfo 
Estará
No ofuscante resplendor
Do horizonte.

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