Apocalipse Moral
Não se apaixone.
Não questione.
Apocalipse moral.
Um dia, nem mais
Essa carne que coça
E sangra.
Caramujo na goteira de sal.
Fome de formigueiro.
As mãos que eu tenho
Lutam contra minha pele,
Meus pelos abatidos
Sendo substituídos.
Unhas de vagabundo
Trabalhando
Sob o pior sol da estação.
Suor,
Barba,
Lábios secos
No caminho da dignidade
Que a conquista do dia adquire.
No gozo da solidão
E do tempo que não
Acusa espaço,
A paz
- Descarga desumana
Externando a besta
Através dos seus poros
Grudentos e sujos.
Um homem sonolento
Pelas ruas
Trabalhando o Espírito acima de tudo.
A proteção do solitário
é o contentar-se
Com o vazio
Das coisas.
O telefone celular
Já nem lembra
De ter consigo.
Um diálogo
Com heróis mortos.
Um banho de sal
Para proteger-se da madrugada
E encolher-se
Na concha uterina da Lua.
A estepe
No corpo
De lobo
Fere seu uivo.
Canto rouco desabitado.
O seu corpo está louco
Enquanto a Alma grita-lhe:
"Eu comando essa cadeia!
Eu sou a mente dessa existência!"
Seu corpo
Parece
Uma espécie em extinção
Entre as chamas.
Seu Espírito
Eleva-se,
Sabendo-se puro
Contra a combustão.
O triunfo
Estará
No ofuscante resplendor
Do horizonte.
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