Sem Discussões
Meus outros eus
Sempre
Vem pelo mesmo caminho,
Embora modificados.
Eu mesmo os chamo
Por falta de mim,
Embora
Jamais fique claro.
Oh, Perdição:
O que morre
E o que nasce em mim? - tento
Compreender...
Oh, Maldição:
Se te aceito porque sou teu
- Já estamos na era da trégua -
Por que o súbito castigo?
Oh, fio desencapado,
Curto-circuito
Da mente e do coração:
Quando quebrarei
O muro que habitas
E fazes-me incêndio?
Dormir é um Inferno!
Acordar é o Purgatório!
Trabalho sem dançar...
Canto só...
Espero,
Pois nada além disso
Suscitaria
Elevação...
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Torpor
Oh, Deus!
Que terrível dificuldade
Para conseguir ler um livro
Próprio da Vida!
Estou na mesma posição que,
Antes,
Com o livro entre as mãos
E apoiado em minhas coxas
Em "v" invertido sobre a cama,
Agora,
Apesar de bocejar,
Consigo escrever.
As pessoas me dizem coisas
Das quais eu faço parte por afinidade e,
Quando percebo,
Tenho de pedir-lhes que repitam sua fala...
Claro, somente quando creio ou sei que me entenderão
Ou se há confiança para a indagação...
Não consegui ler duas páginas
Inteiras do livro,
E isso que queria lê-lo.
Está aqui ao meu lado,
Dormindo sem minhas mãos
Que, com ele, fraquejavam...
Oh, Deus!
Que terrível dificuldade
Para conseguir ler um livro
Próprio da Vida!
Estou na mesma posição que,
Antes,
Com o livro entre as mãos
E apoiado em minhas coxas
Em "v" invertido sobre a cama,
Agora,
Apesar de bocejar,
Consigo escrever.
As pessoas me dizem coisas
Das quais eu faço parte por afinidade e,
Quando percebo,
Tenho de pedir-lhes que repitam sua fala...
Claro, somente quando creio ou sei que me entenderão
Ou se há confiança para a indagação...
Não consegui ler duas páginas
Inteiras do livro,
E isso que queria lê-lo.
Está aqui ao meu lado,
Dormindo sem minhas mãos
Que, com ele, fraquejavam...
Na Minha Cabeça
Na minha cabeça,
A idealização da beleza feminina
Desde a infância.
Portanto, ainda de maneira inocente...
Ela, com toda a espontaneidade
Dos seus olhos negros,
Negaceando minhas intenções
Cerceadas pelo medo.
Mas eu ali: seu e único.
Do sonho
- Por acaso? -
Tornado fato
Na realidade da paixão voraz,
Nas carnes
E na inutilidade da sutileza,
Próprias do contato,
Fracionei doenças.
Exagerados sonhos
Sobre ruas nobres dançando purezas:
A mulher amada,
A cria conquistada com vestígios de uma infância.
Sob circunstâncias espasmódicas
No áureo céu entre o gozo e o declive,
No que viria depois - sempre! -
Juras ruíam
Talentosamente
No fosso do cotidiano.
Improvável amor
Rindo para além da noite
Em chuvas e deslizes.
Como não chorar pelo
Imperdoável
No Amor?
Se tristeza e incompreensão
Soam tons na terra,
Faço do caminho uma canção.
Campos verdes estendidos
Suplicando meu tempo:
Não pude mais plantar
Em vossos agonizantes prados,
Posto, o dia, em ascensão!
Na minha cabeça,
Cabelos negros voando,
Cobrindo um sorriso
Nunca para mim,
Mas espreitador dos meus limites.
Na minha cabeça,
A idealização da beleza feminina
Desde a infância.
Portanto, ainda de maneira inocente...
Ela, com toda a espontaneidade
Dos seus olhos negros,
Negaceando minhas intenções
Cerceadas pelo medo.
Mas eu ali: seu e único.
Do sonho
- Por acaso? -
Tornado fato
Na realidade da paixão voraz,
Nas carnes
E na inutilidade da sutileza,
Próprias do contato,
Fracionei doenças.
Exagerados sonhos
Sobre ruas nobres dançando purezas:
A mulher amada,
A cria conquistada com vestígios de uma infância.
Sob circunstâncias espasmódicas
No áureo céu entre o gozo e o declive,
No que viria depois - sempre! -
Juras ruíam
Talentosamente
No fosso do cotidiano.
Improvável amor
Rindo para além da noite
Em chuvas e deslizes.
Como não chorar pelo
Imperdoável
No Amor?
Se tristeza e incompreensão
Soam tons na terra,
Faço do caminho uma canção.
Campos verdes estendidos
Suplicando meu tempo:
Não pude mais plantar
Em vossos agonizantes prados,
Posto, o dia, em ascensão!
Na minha cabeça,
Cabelos negros voando,
Cobrindo um sorriso
Nunca para mim,
Mas espreitador dos meus limites.
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Desafio
O que a mente não controla
Eu domo com a palavra.
Não há muito o que fazer
Pelo mundo real
Quando se é um sonhador
A não ser lutar e esperar.
E ambas as virtudes
Tem seus limites...
Recomendo
Aos fracos e medrosos irem fundo
Para sentirem por um segundo
A Existência
De um
Tempo Inteiro Constante -
Mesmo sabendo que voltarão,
Mais cedo ou mais tarde,
Aos seus sofás...
O que a mente não controla
Eu domo com a palavra.
Não há muito o que fazer
Pelo mundo real
Quando se é um sonhador
A não ser lutar e esperar.
E ambas as virtudes
Tem seus limites...
Recomendo
Aos fracos e medrosos irem fundo
Para sentirem por um segundo
A Existência
De um
Tempo Inteiro Constante -
Mesmo sabendo que voltarão,
Mais cedo ou mais tarde,
Aos seus sofás...
Nas Palavras
Beijos que me fazem sentir
- E fazem sentido -
Imagino em nossas bocas.
Beijos como nossas palavras
- Mistura de silêncio e estrondo.
Beijos que meus lábios guardam,
Língua e saliva trespassam sonho,
Atravessam quilômetros de escuridão.
Beijos que não dou.
Beijos que tenho.
Beijos para a tua atenção.
Beijos sem qualquer veneno - sabor poesia.
Beijos que me fazem sentir
- E fazem sentido -
Imagino em nossas bocas.
Beijos como nossas palavras
- Mistura de silêncio e estrondo.
Beijos que meus lábios guardam,
Língua e saliva trespassam sonho,
Atravessam quilômetros de escuridão.
Beijos que não dou.
Beijos que tenho.
Beijos para a tua atenção.
Beijos sem qualquer veneno - sabor poesia.
domingo, 3 de novembro de 2013
Maria Sem História
Maria só chora sozinha.
Maria conversa em silêncio.
Maria pergunta de novo.
Maria, igual a ontem, será amanhã.
Maria "sim, senhora!" com sorriso humilde.
Maria do coração perfeito.
Maria da alma ingênua.
Maria arrastando o corpo no mundo de quadrados com
Paisagens e vozes repetindo o mesmo enredo pela janela.
Maria perdida no tempo que é.
Maria imaginando uma catástrofe da natureza.
Maria rememorando o tempo que vivia feliz.
Maria, angustiada e velha, calando.
Maria das dores nos ossos.
Maria da injeção paliativa.
Maria que passou a fazer falta.
Maria que pede para morrer.
Maria que me enlouquece.
Maria achada na adolescência foi à demência.
Maria perdida na infância estuprada.
Maria relaxada e envergonhada pela fraqueza
Dos músculos calejados e pela inaptidão da massa encefálica.
Maria com saudade.
Maria inútil.
Maria decepada na mama.
Maria sorridente.
Maria que não entende.
Maria doente de ser doente.
Maria do pudor infeliz.
Maria sonhando com as mais belas crianças
Saindo de outras mulheres.
Maria me botando no colo.
Maria que me avisa do leite e do lixo sem parar.
Maria violentada na boleia do caminhão.
Maria batendo na porta.
Maria perguntando "pronto?" ao telefone.
Maria suspirando a vida toda dizendo amém.
Maria sem salário que sonha ficar rica.
Maria desgraçada pela família.
Maria recebida com amor.
Maria com nojo de nudez.
Maria sem gozo, sem prazer.
Maria que ri de banalidades.
Maria que não entende uma piada.
Maria que nunca votou.
Maria atrofiada.
Maria esperando visitas.
Maria perguntando "até quando essa cruz?"
Maria que, quando morrer, me fará chorar de alívio e de dor.
Maia rindo da própria tristeza.
Maria caridosa.
Maria exigindo respeito.
Maria ouvindo minha fúria fugindo em silêncio.
Maria que entende da simplicidade da vida.
Maria que se assusta com a porta batida.
Maria que abre a porta para ver o corredor
Escuro, vazio e silencioso e,
Depois, ofegante,
Se arrasta pro sofá de novo.
Maria atiçando minha maldade.
Maria implorando companhia.
Maria exibindo miséria com chinelos que rangem.
Maria da perna torta.
Maria confusa.
Maria com poesia arcaica me surpreendendo
No sorriso e no olhar infantil escravizado.
Maria que reclama da solidão implacável
E das visitas extintas desde a solidão maior.
Maria sem fé.
Maria guerreira.
Maria calada dizendo sua verdade,
Sua impotência declarada na falta de expressão...
Maria quase pondo fogo na casa.
Maria que perdoa por falta de opção.
Maria que não vê o sol.
Maria com lugar marcado no Céu.
Maria amante das crianças,
Dos animais
E dos domingos na frente da TV.
Maria dos músculos contraídos pela
Alma retraída isolada
Do coração traído.
Maria praguejando, depois rindo.
Maria arrependida por não ter se casado...
Maria tentando brincar comigo
Alguma graça que não vejo
Na redundância do nosso quotidiano.
Maria reclamando que ninguém mais aparece.
Maria reclamando de quem lhe cuida.
Maria reclamando que não mais há crianças correndo na rua.
Maria reclamando do barulho dos outros.
Maria traumatizada debaixo das cobertas
Esperando
Que eu chegue da minha liberdade
Para dizer-lhe que a chuva não pode nos matar,
Nem os raios, caírem nas nossas cabeças.
Maria me acordando antes para nada.
Maria me avisando que velhice, doença e solidão somadas
Matam tão lentamente, que morrer
Seria o maior gesto de amor concedido por essa vida.
Maria deitando com esforço para olhar o teto
E pedindo que ele desabe tão logo durma.
Maria sorrindo leve
Escondida sob os tijolos
Que eu, imóvel, seguro em minhas mãos.
Maria só chora sozinha.
Maria conversa em silêncio.
Maria pergunta de novo.
Maria, igual a ontem, será amanhã.
Maria "sim, senhora!" com sorriso humilde.
Maria do coração perfeito.
Maria da alma ingênua.
Maria arrastando o corpo no mundo de quadrados com
Paisagens e vozes repetindo o mesmo enredo pela janela.
Maria perdida no tempo que é.
Maria imaginando uma catástrofe da natureza.
Maria rememorando o tempo que vivia feliz.
Maria, angustiada e velha, calando.
Maria das dores nos ossos.
Maria da injeção paliativa.
Maria que passou a fazer falta.
Maria que pede para morrer.
Maria que me enlouquece.
Maria achada na adolescência foi à demência.
Maria perdida na infância estuprada.
Maria relaxada e envergonhada pela fraqueza
Dos músculos calejados e pela inaptidão da massa encefálica.
Maria com saudade.
Maria inútil.
Maria decepada na mama.
Maria sorridente.
Maria que não entende.
Maria doente de ser doente.
Maria do pudor infeliz.
Maria sonhando com as mais belas crianças
Saindo de outras mulheres.
Maria me botando no colo.
Maria que me avisa do leite e do lixo sem parar.
Maria violentada na boleia do caminhão.
Maria batendo na porta.
Maria perguntando "pronto?" ao telefone.
Maria suspirando a vida toda dizendo amém.
Maria sem salário que sonha ficar rica.
Maria desgraçada pela família.
Maria recebida com amor.
Maria com nojo de nudez.
Maria sem gozo, sem prazer.
Maria que ri de banalidades.
Maria que não entende uma piada.
Maria que nunca votou.
Maria atrofiada.
Maria esperando visitas.
Maria perguntando "até quando essa cruz?"
Maria que, quando morrer, me fará chorar de alívio e de dor.
Maia rindo da própria tristeza.
Maria caridosa.
Maria exigindo respeito.
Maria ouvindo minha fúria fugindo em silêncio.
Maria que entende da simplicidade da vida.
Maria que se assusta com a porta batida.
Maria que abre a porta para ver o corredor
Escuro, vazio e silencioso e,
Depois, ofegante,
Se arrasta pro sofá de novo.
Maria atiçando minha maldade.
Maria implorando companhia.
Maria exibindo miséria com chinelos que rangem.
Maria da perna torta.
Maria confusa.
Maria com poesia arcaica me surpreendendo
No sorriso e no olhar infantil escravizado.
Maria que reclama da solidão implacável
E das visitas extintas desde a solidão maior.
Maria sem fé.
Maria guerreira.
Maria calada dizendo sua verdade,
Sua impotência declarada na falta de expressão...
Maria quase pondo fogo na casa.
Maria que perdoa por falta de opção.
Maria que não vê o sol.
Maria com lugar marcado no Céu.
Maria amante das crianças,
Dos animais
E dos domingos na frente da TV.
Maria dos músculos contraídos pela
Alma retraída isolada
Do coração traído.
Maria praguejando, depois rindo.
Maria arrependida por não ter se casado...
Maria tentando brincar comigo
Alguma graça que não vejo
Na redundância do nosso quotidiano.
Maria reclamando que ninguém mais aparece.
Maria reclamando de quem lhe cuida.
Maria reclamando que não mais há crianças correndo na rua.
Maria reclamando do barulho dos outros.
Maria traumatizada debaixo das cobertas
Esperando
Que eu chegue da minha liberdade
Para dizer-lhe que a chuva não pode nos matar,
Nem os raios, caírem nas nossas cabeças.
Maria me acordando antes para nada.
Maria me avisando que velhice, doença e solidão somadas
Matam tão lentamente, que morrer
Seria o maior gesto de amor concedido por essa vida.
Maria deitando com esforço para olhar o teto
E pedindo que ele desabe tão logo durma.
Maria sorrindo leve
Escondida sob os tijolos
Que eu, imóvel, seguro em minhas mãos.
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