quinta-feira, 7 de março de 2013

Do Povo, Enfim

Sempre soube dizer "obrigado" e "por favor".
Percebi, noite passada, que terei de aprender
A dizer "sim, senhor",
"Pois não",
"A senhora manda".

Ele pediu licença
E perguntou
Por que eu havia cortado o cabelo.
Consegui um trampo, respondi.
Meu silêncio foi constrangido.
Trampo onde?
Descobri a mim com sua indagação.
Havia me julgado menor
Por ver a minha realidade e dizê-la,
Mas disse sem honra - disse humilhado,
Quase engasgado,
Desprotegido de meu discurso igualitário,
Surpreendido e aburguesado
Pelo tempo e pela miséria
De lições não aprendidas.

Porteiro, respondi.

Seu silêncio percebi vitorioso.
Mas sei que essa vergonha
Que declaro não partiu de seu silêncio,
Senão de minha resposta.

Descubro-me pior naquilo que me é realidade
Para aprender a transformá-la em sonho:
A Vida Real
Que louvo e denuncio
Em gritos e cantos.

Projeto-me a uma estrutura
Mais sólida
Porque simples.

Percebo melhor meus Irmãos Humanos!

Encaixo-me entre as paredes dos dias
Como um satélite na escuridão.

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