terça-feira, 19 de março de 2013

Resistência

Nos fará bem
Jorrarmos porra
Na cara daqueles
Que vivem de nos foder
Sem que jamais percebamos,
E, por isso, sequer gritamos!
Seguiremos quietos
Feito ratos nos esgotos:
Eles sabem que estamos lá
Grunhindo,
Mas jamais darão a chance
De alimentarmos nossas Almas.
Seremos - nós - lembrados
Por nossa morte corajosa
Apenas
Após morrermos
De tanto Vivermos
E lutarmos pela Vida?
Cidade calada
Com o enforcamento e a castração da Arte
Em praça pública!
Nenhum sistema deu certo
E nem o anti-sistema dará.
Renovar
- Ou correr, como prefiram -
Em que sentido,
Se o Socialismo ruiu,
O Capitalismo putrifica
E o Anarquismo segue no gueto?
Nós queríamos achar
A consistência perfeita
Com a luta,
Mas nenhum de nós canta
Ao final da jornada...
Escureceu o céu.
Gelou o ar.
Fomos para casa
Vencidos.
Dormiríamos a sós,
Cada um em seus sonhos
Por todos nós.
Na manhã seguinte
Reavivaríamos
A missão de nossas Existências
Para criarmos, enfim,
Um sistema perfeito
No qual as notas
Jamais
Qualquer Ser Humano
Ouvira.
E eles
O aceitariam
Sem medo...

segunda-feira, 18 de março de 2013

Conquistada Infância

Eu sou uma criança
Com algo novo
Resplandecendo em mim.
É mais uma descoberta da Vida.
Tenho poucas, é claro,
Mas já distingo
O que é bom do que é ruim.
(Beethoven jamais me decepcionaria,
Como a frota de carros em constante crescimento...).
Nasci há cinco anos
E tenho uma Musa.
Assim como eu,
Ela é Amante da Lua e do Cinema:
Conduzimos o fio das nossas brincadeiras
Através de diálogos e imagens
Das grandes telas
Que potencializam-nos,
Nessa Vida
Tantas vezes enganada
Por enredos e roteiros insípidos,
Cruéis.
Somos o Amor contra-cultural
Dançando
No ventre da Terra!
Somos a delicadeza desavisada
Sonhando contra
O tal de Fim da História
Porque vivemos uma
Reiniciada História Utópica
Para esses pós-modernismos
Impregnados de medo
A aterrorizarem
Os que já teriam medo
E mesmo os quase-livres,
Esses excertos
Enxertando frustração
Em toda ação,
Causa
Ou humano que ousou enxergar
O próprio medo.
Colocamos o dedo na tomada,
Meu camarada!
Depois, só para ver
Se algo mais aconteceria,
Pusemos o dedo na tua moleira
Dizendo que o Amor
Nos era bem vindo
Enquanto teus irmãos, em rebanhos,
Engessavam na beira do rio
Mesmo ao sopro do Minuano...
Do Céu E Da Terra

A Vida Real
Me deixa sonhar
Novamente.
Substituo a reclamação
Pelo Tempo
Bem empregado.
Cada flor,
No outro dia
Já é outra,
Edificada sob
O status de
Magnífica.
Basta prezar e preservar
Com a paixão
Da cor escarlate das rosas
E o desafio constante
Que exala o perfume dos lírios.

- Regarás minha terra
Para eu prosseguir?
Desejarás o meu néctar
Até mesmo quando tu fores quem deverás
- Por altruísmo -
Encontrá-lo, renovando-me?

- Pois aqui estarei
E não apenas estarei.
Como pedem a força e a simplicidade,
Serei:
Existência!

Magnitude das entranhas do éter exalado,
Por nós inspirado:
Estrondo Masculino do céu
Sugerindo o gozo essencial
Do Universo!
Gemido Feminino da terra
Frutificando o sustento
Da Vida!
Maturação

Já viste como o céu de hoje
Está ainda mais belo
Do que o céu,
Já tão belo, de ontem?

Será o despertar
Brilhando o tom,
Ou o tom outonal
Luzindo o amanhecer?

De que adianta perguntar,
Se
Sem
Nem
Mesmo esperar,
O Amanhã
A nos
Esperar
Estará?
Sobrevêm e despencam
Os Ventos, a Metafísica e o Universo
- Com suas catarses amalgamadas ao meu Ser -
Reestruturando minha Natureza.
Deixo de ter aquele medo
Mascarado pelo descaso
Para não tocar meu íntimo
E revelo-me no inesperado
Que o Tempo há tanto regava
Com ares de folhas secas,
Enfim
Maturado...
Na Era do Amor

Tem coisas sobre a Felicidade
Conquistada contigo
Que não precisas saber -
Elas emanam do Silêncio
E no Silêncio seguem
No rumo da Felicidade...
Havia hora, data e local
Para acontecer.
Só precisávamos
Superar a cegueira.
O Mundo é bem maior
Porque mais simples
E para além daquilo que
- Também juntos -
Fracassadamente acreditávamos.
Nessa manhã o Amor
- Verdadeiro e Simples
Como qualquer ato da Natureza -
Gerou mais um despertar espiritual
Em nome da Vida
E prosseguiu...

quinta-feira, 7 de março de 2013

Do Povo, Enfim

Sempre soube dizer "obrigado" e "por favor".
Percebi, noite passada, que terei de aprender
A dizer "sim, senhor",
"Pois não",
"A senhora manda".

Ele pediu licença
E perguntou
Por que eu havia cortado o cabelo.
Consegui um trampo, respondi.
Meu silêncio foi constrangido.
Trampo onde?
Descobri a mim com sua indagação.
Havia me julgado menor
Por ver a minha realidade e dizê-la,
Mas disse sem honra - disse humilhado,
Quase engasgado,
Desprotegido de meu discurso igualitário,
Surpreendido e aburguesado
Pelo tempo e pela miséria
De lições não aprendidas.

Porteiro, respondi.

Seu silêncio percebi vitorioso.
Mas sei que essa vergonha
Que declaro não partiu de seu silêncio,
Senão de minha resposta.

Descubro-me pior naquilo que me é realidade
Para aprender a transformá-la em sonho:
A Vida Real
Que louvo e denuncio
Em gritos e cantos.

Projeto-me a uma estrutura
Mais sólida
Porque simples.

Percebo melhor meus Irmãos Humanos!

Encaixo-me entre as paredes dos dias
Como um satélite na escuridão.