quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Cidade Baixa

Cidade Baixa:
Stalingrado de Drummond em Porto Alegre.
És o cemitério da cultura, da Arte e da boemia
Após o teu cume.

Querem-te calada,
Mas nossas mãos, instrumentos, corações,
Almas e vozes cantarão
Teu império de felicidade e Liberdade!

Aqueles que te caluniaram
Não enxergam no espelho as próprias carcaças,
Docilidade perdida
Nas estações de seres mal-cuidados...

Aqueles que deveriam te fazer brilhar
Fomentando a transição
Do velho para o novo e sua aproximação,
Culturas
Transitando em igualdade
E em cumprimentos respeitosos,
Te calam com uniformes e autoritarismos
Do século,
Do milênio passado,
Quando cães farejavam as gentes
Por escreverem e gritarem
"Somos Livres!"
Agora, nessa Era de pseudo-liberdades,
Os senhores voltam com as velhas armas
Da Governança do Silêncio:
"Não se expressem!" - gritam eles.
"Por quê?" - indagamos
Após o novo golpe.
"Não te devo explicações, vagabundo!"

Eu estava numa esquina
Tocando minha viola
Com meus amigos...
Resolvi fazer de meu instrumento uma arma!

Essa arma canta flores.
Essa arma desarma os muros da incompreensão.
Essa arma é tocada de Amores.
Essa arma desata os nós da solidão.
Essa arma faz e defende Amigos.
Essa arma faz, luta contra e desfaz inimigos.
Essa arma conspira com nosso arrepio.
Essa arma se propõe Paz
E acalenta os indóceis e mecânicos,
Dispondo-se a um novo e conjugado desafio.
Compreendemos sua ganância
E fome de arrancar
Nossas mais intrínsecas vontades,
Nossos indeléveis sonhos incomensuráveis.
Pois querem-nos párias, néscios,
Abutres de nossa própria cultura.
"Não!" - gritamos.
Somo Humanos
E do senso de humanidade
Vivemos e dependemos.
As marchas, os corres,
As loucuras, as manifestações,
A Lua:
Tudo nas veias de tuas ruas,
Como nas veias de um povo
Vermelho, Amarelo, Branco, Negro Unificado
Em cantos, risos, chuva e Louvor
Ao simples: o Amor
Em alta
Na Cidade Baixa!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A Sua Companhia

Sim, eu sabia.
Eu sempre soube.
Não deveria ser uma novidade.
Qual o motivo do espanto?
Essa noite chegaria a qualquer momento.

A liberdade trai.
A liberdade exposta, cumprida e selada.
Com a dedicação e a delicadeza
Das palavras mais sinceras.

É mais fácil corroer-me
Do que deixar-me fluir.
Especialmente porque
A minha natural condição psicológica
Vive do imediatismo,
E isso é uma forma de masoquismo
Inconsciente
Ou simplesmente
Impossível de prever e conter.

Pois o voo
Que será em quatorze dias,
E terá repouso de coração juvenil,
É uma espera de nove anos
- Pelo que consigo calcular... -
E nesse tempo todo
Houve luzes acinzentadas
Entristecendo teus olhos verdes
E depois fazendo-me imaginá-los
Sorridentes
Quando redescobri tua voz,
Madura,
Jovial,
Porém incisiva
Sem perder o charme da loucura.

Dúbio sem duvidar da ternura.

Sim, duas sempre.

Essa poesia é feita de tempo,
Estrago e medo,
Espera,
Obsessão,
Sexo,
Paixão,
Ossos e contração.

Não é de Amor,
Senão de possíveis Amores
Que tanto falam...

Incapaz ou Visceral?
Qual valerá mais nesse mundo?
Qual, ao menos, perderá menos?
(Se confundem
Tão bem
Em mim
Esses dois...

Homem deslizado entre tantas coxas,
Experimentado por mulheres
De todos os tipos,
Sorridente ou choroso
Conforme o descaso do Amor,
Conforme a atenção à obsessão.
Corpo que goza profundo
Em carnes
Brancas, morenas, indígenas, negras
Tenho eu as cores de cada orgasmo
Que vi mastigando meu falo
Enquanto eu falava
E, então, desfalecia,

Aqui, mais um pouco de espera...
Quanto à solidão,
Dou-lhe um prato de Poesia
E ela passa à servidão
Para eu agradecer
Sua faminta companhia.
Para Te Encantar Com Um Pássaro Azul

Pega a fúria na minha mão
E faz dos azuis da lascívia
E do céu aberto do Amor
A tua compreensão de liberdade
E direito.

Pois assim sou eu:
Um apaixonado pela mulher
Que me Ama.
Nosso mundo de Arte
Contra
O mundo da grana!

No meu bolso
A saudade e a naturalidade
Perdida de chorar.

Qual força?
O sono profundo?
A insônia poética?
Ora,
A beleza da incógnita!

Mas a certeza
Do sorriso
Daquela que planta uma cidade
Com poesias e cores sensíveis,
Dolorosas,
Feéricas,
Ternas,
Com a nobreza
Do que há de mais profundo e simples...

Oh, sim, a loucura conta
Para aqueles
Que não vivem de espelho.
Mas ela anda dopada
Quando o signo de seu estado bruto
É posto na mão
Dos que têm as chaves
De sua redenção,
Mas, por maldade e ganância,
De branco se vão...

Há tantas cores na loucura:
Como pode ser loucura o que Liberta?
Não te desaponta, querida!
Sobe em minhas ondas,
Asas,
Metáforas, cânticos,
Amada!
Voa!
Vem!
O meu corpo precisa descansar
No bálsamo da tua alma.
A minha alma deseja o teu corpo
Como abrigo, alvorecer e destino.
Toca todas as nuances do tempo.
Reinventa todos os acordes do espaço.
Eu sou um maestro
Suando a matéria-prima dos teus olhos
Colorindo
Cada nota dessa sinfonia a te inspirar,
Buscando,
No inimaginável e nas rochas de tuas dores,
O sorriso
Que treme
Meus lábios,
Onde o frêmito do Amor
Encanta os pássaros...