Eu acordei sem amigos num final
de tarde de verão.
O sonho era com um grande amigo
que eu deixei o tempo levar.
Ele estava me procurando e
reclamando
minha ausência
na sua vida já tão adulta.
O que eu tinha
além de livros
vendidos
para pagar a independência sonhada?
Eu procurei na agenda
e vi muitos nomes
que nunca dizem
"alô".
O que faltava na minha vida era trabalho
e, a partir daí,
novas fontes
de conhecimento,
conversas sobre coisas afins,
boas piadas.
Eu lembrava desses
bate-papos em esquinas
sobre dores da alma e do coração.
Nalgumas paredes, socos e a quietude da raiva.
Nada além da observação
da necessária destruição momentânea
para enfrentar a vida.
As noites embriagadas
sobre os ventos doidos que engolíamos
com nossos cigarros
sem fim
queimando
o que logo
não teríamos mais: voz.
A música pulsante
fortalecendo a amizade iniciada na adolescência,
solidificada quando deveríamos crescer,
afastada não sei por quê...
por mim.
Memória de noites falidas.
Dias começando frente ao sol da solidão.
Sonhos, filosofias e amores:
as mulheres que a amizade trazia
por nossas vias de irmãos de alma.
Sob o detrimento
que o tempo e as coisas anunciam,
o álcool efervescente
quase nos matando
e nos afastando pelo trabalho-diversão-vadiagem.
Na voz e no percurso,
uma saudade
e uma entre tantas
dores
num final de tarde...
Um comentário:
Todos os textos sao muito bons
Mas este em especial me emocionou muito
Abs
Bete
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