... e então o muro foi erguido pela Ignorância, partindo o pequeno espaço divido entre a Maldade e a Ingenuidade que há anos necessitavam uma da outra para sobreviverem.
Tendo como regra a harmonia cruel que sorri somente com os olhos sarcásticos, a Maldade entornava sua calda quente sobre a Ingenuidade para imobilizá-la.
Esta, por sua vez, tentava persuadir a necessária inimiga dando-lhe flores sem perceber os espinhos tensos que sangrariam sua companheira de cinismos.
Uma em cada lado do muro, subdividindo-se à dureza do divisor com corridas feito lâminas que findava ao chocarem-se contra a imponente parede, que de maneira alguma sentia. O muro nunca sentia, só dividia. Elas, sangravam.
As duas choravam encostadas no muro, querendo uma a pele da outra, implorando a ele (porque era o único santo, deus, diabo, a forma mais próxima de um reinado extinto chamado Humanidade) piedade, por serem os sentimentos mais intrínsecos a tal civilização.
A Maldade e a Ingenuidade conseguiram, depois de muito esforço, quebrar o muro e tocarem-se entre as ruínas do ditador de tijolos que sorria ao ver que do contato entre elas nascia a Ignorância, Princesa da Humanidade.
2 comentários:
João!
Excelente texto. Estás cada dia melhor. Acho que reconheceria a autoria mesmo que não tivesse a tua assinatura.
Bjs,
pri
BELO TEXTO, forte, intenso..contagiante
parabens
Postar um comentário