terça-feira, 7 de junho de 2011

Bandeira Vermelha

Sei do ontem entre a expectativa de um prazer coletivo e uma neblina em minha alcova.
Sei do hoje que me debato nos braços da derrota que me acorrenta.
Não sei do amanhã, do porvir de um pássaro vermelho cujo nome carrega no coração do povo o admirável e seco gosto vil que dramatizo em minha boca que gritou aos quatro ventos as palavras de nossas lágrimas.
Satisfaço-me em minha simplicidade só, como alguém que não aprendeu a perder.
Perdido em minha alma, meu sentimento calejado aprofunda para dentro de mim, que não reconheço no espelho velho de efígie sombria.
Carrego meus passos cegos que não sentem a dor do sol que desaba sobre um corpo.
Velho: foi assim que o nosso inimigo nos julgou por não entender da sabedoria que o tempo trás.
Novo: é assim que desvendo minha dor.
Rastejo até o momento de prazer tão raro que mal posso admitir uma felicidade.
Não quero mais olhar as ruas.
Tenho vergonha da perda, e ver o palácio alheio enche-me de sombras.
O que restou foi a luta admirável da nossa bandeira que ao vento enobrece nosso abraço de lágrimas que, com nossa paixão, sabe por onde derramar-se.
Esse lugar é o nosso rosto que representa com força a voz dos derrotados.
Um passo atrás, dois para frente... assim nos ensinaram.
Vamos assimilar carregando cada irmão ao seu altar.
Vamos aprender gritando o que nos dói.
Vamos defender nossas vozes rebeldes que num amanhã próximo, eu tenho certeza, será o canto único de nosso povo.
Não vamos acabar, não vamos morrer, não vamos definhar.
O nosso dia virá justo, crédulo, crescente e sei o quanto mais forte será nosso choro: do tamanho do céu, como aprendi a amar.