sábado, 5 de fevereiro de 2011

A mão de um Homem

Arranco os pelos do peito e rompo,
com minhas unhas
pra cima e pra baixo,
a pele.
Invado artérias,
veias
até chegar aos músculos
que tentam pôr força,
mas nada deterá
minha mão.
Finalmente,
encaixo os dedos,
um a um,
entre os ossos do meu tórax
e eu o arrebento
ao fechar
minha mão em pedra.
(Arrepiaram de tanta inveja,
penso rindo...)
Então, sinto
o coração pulsando
e o agarro firme,
o puxo pra fora
fazendo esguichar meu sangue
por todo o meu paraíso e,
faminto,
dou-lhe uma dentada,
mastigo o naco
e o devolvo
ao meu profundo
pra ver se ele
suporta a penitência
de meu cérebro
inocente
trancafiado na dor
de uma existência
maravilhada
com o caos
que sabe
jamais
findar-se...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Um sono idílico em meu sonho real

Quero-te tanto em minhas mãos,
em minha pele,
em meus olhos refletindo os teus...
Quero me saciar em tuas entranhas,
te pôr num céu de gozo...
Tuas mãos em meu corpo,
o carinho de tuas palavras traduzidas
em silêncios e gestos
percorrendo
os poros, os pelos, os cheiros...
Uma composição na madrugada
enquanto dormes
e a luz tênue da lâmpada de cabeceira
revela as nuances do que,
inconscientemente,
já sentes de minhas melodias e palavras,
assim como o teu corpo,
em luz e sombra,
movido raramente por teu sossego,
é acolhido pela canção
atravessando a noite...
Meu violão, minha voz:
a pintura que faço de teu conforto...
Depois, meu sono
de lágrimas e sorrisos
abraçado às tuas costas...