A cor de fogo dos seus cabelos são a externação física de sua oratória flamejante a esquentar meu corpo e inflamar a minha alma suscitando um convite ao reflexo da minha doença em seus olhos risonhamente tristes.
Na política fatídica abandonada pelos meus atos simplesmente para me proteger, embate não brotou pela discórdia de nossas convicções ideológicas fora de nossa análise autocrítica em comum: um fla, outra escuta; uma agradece, outro aplaude.
A cada amanhecer lutamos brava e serenamente nos porões onde o tempo e nossas mazelas diminuíram o simbolismo de um tom infantil a nos guiar numa nova via em que um dia significa vida inteiriça e que virtuais deslizes de um segundo desafinariam nossa maturidade reconstruída ternamente pela criança esquecida que, em nossos abraços, a cada repousar, é resgatada.
A certeza da sua dor, a alegria incontida nos gestos dos braços a me cutucar, o refinado divagar na memória dos dedos envolvendo meus póros digitais suavizados para e ao recebê-la, a fração de segundo que calo, o silêncio me induzindo a observar o seu ir e vir e seu desabafo para prosseguir observando o seu silêncio orado, a sua atenção - espontânea ou requisitada - para com minhas observações, delirantes ou coerentes, mostram-me o espaço entre o que é e o que eu espero ser para ela.
Recebo-a com o agradecimento que venho, junto a ela, aprendendo a deflagrar, e me despeço sabendo um pouco mais de mim a lhe chamar.