Querem me idiotizar. Acham que eu não tenho faro para a sua manipulação. Estão errados. E eu vou provar.
Estava na frente da tv, assistindo à Rede Globo, em meu marasmo de um dia no qual colhi os frutos envenenados de minha adicção ao cigarro e ao álcool ao consultar o otorrino após fazer exames na faringe e no nariz. Eu me encaminhava para um câncer maligno na garganta, probabilidade herdada de meu avô e minha tia-avó, que desse mal morreram, mas escapei devido ao estancamento do uso dessas duas drogas há quatro meses. Não fosse minha atitude e os fatos horríveis que levaram à decisão de me internar para a recuperação do alcoolismo e do cigarro, que já me fazia cuspir sangue havia dois meses, eu certamente estaria abreviando minha vida.
O que desejo deflagrar na mente do leitor não é o quanto as drogas fazem mal à saúde de qualquer ser humano. Disso, todos estão carecas de saber. O que priorizo aqui é a sua percepção quanto a esse mundo que gira em direções opostas às idéias que qualquer um deseja para si e que parecem, através dos veículos de comunicação, ser respeitadas, mas não são, como por exemplo, ser tirado pra idiota por jornalistas e suas pífias frases de efeito.
1991. Bush pai invade o Iraque com a desculpa de levar a paz ao Oriente Médio, onde o então líder daquele país, Saddam Hussein, travava uma guerra contra o Kuwait. Mentira! Deslavada mentira! O que o senhor das armas queria era o petróleo daquele continente, tanto é que pudemos ver, ao vivo, a transmissão da primeira guerra através da tv. Eu tinha 12 anos e lembro-me de gravar, em fita k7, com meu sobrinho mais velho, as novas notícias que víamos na tv. Eu fazia os efeitos sonoros: bombas, explosões, metralhadoras, tanques de guerra e pessoas morrendo eram minha tarefa. Ele, o repórter no campo de guerra.
Meu coração pulsava e eu achava que o mundo iria explodir. Havia uma música em voga: "Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones" que ouvíamos na voz de Humberto Gessinger, dos Engenheiros do Hawaii, uma ótima regravação que, em protestos contra a guerra absurda, era cantada pelas ruas de Porto Alegre e, a qual, no refrão, canta-se a onomatopéia "rá tá tá tá" de uma metralhadora. Nunca disseram na tv que fora uma afronta e um ato de despotismo de Bush pai atravessar o oceano com suas tropas de jovens , que nem sabiam o motivo de estarem saindo de seu país, para morrerem e matarem. Queriam me idiotizar.
11 de Setembro de 2001. Eu ouvi pelo rádio, após ler na internet, tudo o que ocorria em Nova Iorque. George W. Bush era o então presidente norte-americano. Bush filho declarou guerra àqueles quem - para quem não sabe - sua família era ligada através de uma sociedade que administrava o petróleo na Arábia Saudita: Osama Bin Laden, líder da Al Qaeda, a quem, naquele momento, começara uma caçada sem fim com o propósito de combater o terrorismo.
Queriam me idiotizar. Acharam Saddam "como um rato" - palavras de Bush filho - escondido sob a terra em seu país. O líder iraquiano fora executado. Foi o que eu vi na tv. Ninguém fez um minuto de silêncio, como em muitas partes do mundo, pelas vítimas das Torres Gêmeas.
Bom, como eu já disse, ainda querem me idiotizar. Mas eu vou repetir: eles estão errados e eu vou provar.
Comerciasis de cerveja na tv, para um alcoólatra, são o mesmo que um veículo de comunicação como a Rede Globo, só para citar um exemplo, representam para uma sociedade ainda viciada em beleza manipulada, arte enlatada em moldes de freio, programas que prometem a fama e muita grana para emburrecer o povo cansado de sua vida sem emoção: nocivos. Mas, mesmo assim, eles passam os comerciais, bem como continuam suas artimanhas a fim de, através do riso, do sarcasmo camuflado, da manipulação prepotente, nos insultar e nos desrespeitar na manchete do Fantástico do próximo Domingo que diz: "o quê você faria se Hugo Chavez invadisse o Brasil?", com adultos e crianças jogando pedras e expulsando o virtual Presidente venezuelano de nossas terras. Ora, qual é o motivo de uma reportagem como essa? Por acaso Chavez declarou guerra ao Brasil? Ou a qualquer outro povo, que motivasse esse tipo de matéria? Não lembro de, em horário nobre, nalgum dia da tv brasileira, ser advertido de que alguém - o Chavez, por exemplo - quisesse invadir nosso país. No entanto, qual desses dois presidentes joga bombas sobre outras nações? Ou, ainda: qual desses dois países têm interesse na nossa flora, o pulmão - ou o que resta deste - do nosso planeta? A Venezuela?
Bom, como um alcoólatra convicto, parei de beber. Como fumante inveterado, larguei o cigarro antes que me matasse. Mas nem por isso eu desligo a tv se passa um comercial de cerveja, porém sei que dá água na boca. O que pretendo dizer? Bom, que eu sei muito bem quem são meus inimigos e que eles sempre estarão presentes explicitamente. Mas o implícito, o que nos atinge sorrateiramente sem que percebamos, é o que nos mata: a nossa falta de tino quando um Bush da vida é quem dá as cartas blefadas para um país de terceiro mundo - ou em desenvolvimento - andar e o interesse da minoria gananciosa, como os veículos de comunicação, em conter em suas mãos o poder e, o principal, o direito à verdade sobre o que acontece ao nosso redor e quem realmente deseja invadir nossa Pátria. A Rede Globo teve a petulância de noticiar que o termo "forró" vem da expressão inglesa "for all". Por favor!!! Forró vem de "forrobodó", que significa "festança, baile da ralé".
É, se até a Língua Portuguesa a própria imprensa, que deveria ser responsável pela sua preservação, não o é, o que esperar dessa gente que prima por fazer da História uma notícia ou uma manhete de tv, a fim de confundir o povo com esse tipo de falácia que, soberbamente, inverte principios tão distintos como os de Bush filho - mantenedor do sistema de senhores das armas - e Hugo Chavez - que, apenas e tão bravamente, quer uma real libertação não só do seu povo como, também, do ser humano por completo?